Luis R. Jaccard
ANTECEDENTES
Comprovamos que as fórmulas I = C3 . P2/3 e V = P1/3 / C3, habitualmente utilizadas para definir os parâmetros ideais dos fornos a arco submerso, estão equivocadas.
Baseados em princípios teóricos, confirmados através de experiências realizadas em fornos de redução de cassiterita, concluímos que, para determinado afastamento entre eletrodos, a tensão que define a posição ideal dos eletrodos ( mínimo consumo específico de energia ) é função do diâmetro de eletrodos e da potência: V = J0 . D / P1/4, onde D é o diâmetro dos eletrodos, P é a potência ativa e J0 é um fator que depende do material processado e do afastamento entre eletrodos. Também foi sugerido pelas experiências que, dentro de certo entorno, a tensão ideal é proporcional à raiz quadrada do afastamento entre eletrodos: V = J1 . D . S1/2 / P1/4, sendo S a distância entre centros de eletrodos e J1 um fator que depende apenas do material processado ( J1 = V . P1/4 / D . S1/2 ). Quanto maior a resistividade do material, maior é J1.
APLICAÇÃO DO FATOR J1 AOS FORNOS DE FeSi75
Para calcular o fator J1 para os fornos de FeSi75 consideramos os casos reais de três fornos com dimensões, parâmetros de operação e resultados conhecidos. O primeiro dos fornos opera com consumo de energia de 7800 kWh/t e não acumula grandes depósitos de SiC na soleira, o segundo consome 8000 kWh/t, e sofre de um excessivo acúmulo de SiC na soleira e, o terceiro, consome 8500 kWh/t não havendo informação em relação aos depósitos de SiC na soleira.
Quer dizer, podemos inferir que o forno número 1 opera na condição ideal ou próximo da mesma, que o forno 2 opera em situação algo afastada da ideal e que o forno 3 opera com o eletrodo fora da posição ideal.
Para cada um destes fornos calculamos o fator J1 e o fator C3.
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Se observa que o forno 2, que opera com forte geração de depósitos de SiC, possui um fator C3 praticamente igual ao do forno que opera na condição ideal, entanto que o fator J1 é 7,1 % diferente. Para o forno que opera na pior condição, o fator J1 apresenta um desvio de 11,25 % em relação ao ideal, entanto que o fator C3 denota apenas 4,7 %.
Do anterior pode-se concluir que o fator J1 foi preciso na avaliação do comportamento dos fornos. Todavia, os exemplos se referem a fornos que operam razoavelmente bem, com algumas diferenças relativamente pequenas de desempenho. Vejamos, entretanto, que aconteceria se fosse realizado um forte aumento da potência no forno 2, mantendo o fator C3 de referência ( 10,07 ). Admitamos que se deseje aumentar a potência para 20 MW sem aumentar o diâmetro nem o espaçamento dos eletrodos. De acordo com a fórmula do fator C3, isto seria possível e dependeria apenas do eletrodo suportar o alto valor de corrente. Com base no fator C3, a corrente deveria ser aumentada para I = 10,07 . 202/3 = 74,12 kA. Nesse caso, a tensão eletrodo - soleira seria igual a: 20.000 kW / ( 3 . 74,12 kA ) = 90 V. O fator J1 seria igual a 90 V . ( 20.000 kW / 3 )1/4 / 115 cm . ( 276 cm )1/2 = 0,425. Tomando como referência o forno 1, o fator J1 ideal seria igual a 0,350 e, portanto, o fator J1, correspondente à modificação que tomou como base o fator C3, será 21,4 % superior ao ideal, podendo-se prever que os resultados, no que se refere a consumo de energia, produtividade, consumos de eletrodos e depósitos de SiC serão muito ruins.
Pode-se concluir que o fator J1 que define a posição ideal nos fornos de FeSi75, para o tipo de carga normalmente utilizada no Brasil, é igual a aproximadamente 0,350 ( calculado com P em Watts, S e D em cm e, V em Volts ).
Com base no fator J1 é possível escolher os diâmetros e afastamentos de eletrodos ideais para cada potência, garantindo a posição ideal do eletrodo com valores de tensão e corrente adequados para obtenção do máximo rendimento elétrico e os mínimos consumos de energia e de eletrodos.